sexta-feira, 1 de novembro de 2013

AS CRIANÇAS, O PAPAI NOEL, O HOMEM E A RELIGIÃO


O Papai Noel, empresário até então bem sucedido e riquíssimo, percebeu que suas ações na bolsa de valores do Polo Norte estavam em queda vertiginosa, ano após ano. Alguns fatores contribuíam para a derrocada do bom velhinho.
A ameaça dos pet-blocs, que queriam resgatar as exploradas e sofridas renas (especialmente o Rudolf, que além da exploração sofria com o preconceito por sua orientação sexual diferenciada) era iminente. A pressão da opinião pública (via redes sociais) para libertá-los era grande, e manchava a imagem do poderoso distribuidor internacional de brinquedos.
Outro fator, esse sim o mais relevante, era as crianças. O acesso a informação, a internet, a mídia de uma forma geral acabava com a credibilidade do Papai Noel. Era difícil uma criança acreditar que se comportando bem o ano todo encontraria um presente no pé da árvore. Não parecia lógico umas se comportarem bem e ganhar nada ou pouco, enquanto outras, mimadas e criadas em condomínio, se comportarem mal o tempo todo e ainda ganharem seus iPhones 5S e Playstations 4.
O antigo acordo de marketing com a Coca-Cola havia acabado. A poderosa multinacional de refrigerantes não se interessou em dar continuidade à vinculação de sua marca a um personagem em decadência, haja vista que cada vez menos as crianças do mundo acreditavam nele. Afinal eles podiam aceitar a cabeça de um rato passando por seu controle de qualidade (imagina o que não passa), mas não podiam tolerar prejuízos por causa do nobre colega de gorro vermelho.
Era o fim do império do bom velhinho. O bilionário empresário agora era apenas um reles milionário. Desta forma, Noel acionou sua equipe de advogados e entrou com o pedido de recuperação judicial (nome bonitinho e politicamente correto pra concordata, que nós humildes consumidores não podemos pedir caso tenhamos dificuldade de pagar nossas contas do dia a dia. Só nos resta o calote e o SERASA), junto ao Fórum Divino (aquele mesmo onde se arrasta o processo do Sr.David Justo, se deve ir pro céu ou inferno), cujo a jurisdição também incluía o Polo Norte.  
Deus, que respondeu pessoalmente ao pedido, considerou todos os fatores, e percebeu que não era viável ajudar o bom velhinho. Alem de todos os problemas, claramente irreversíveis, era conveniente a saída do Papai Noel do mercado, fato que acabaria com a concorrência com o aniversário de Jesus. Noel, enfim, estava falido. Mas antes de ir embora, ele pediu a palavra e riu gentilmente antes de falar:
      - Hô Hô Hô! Concordo com a negativa do meu pedido, e sei que isso vai me levar à falência. Paciência, meu tempo acabou. Mas atenção! As crianças já não acreditam em mim porque amadurecem cada vez mais cedo e tem acesso a todo tipo de informação. E a humanidade é como uma criança. Quando o homem amadurecer e a ingenuidade acabar, outras instituições e seus respectivos líderes tendem a cair no esquecimento também. Aconteceu comigo, Zeus, Odin... Mas isso, nós só saberemos com o tempo.

David Justo

Um comentário:

  1. Só o tempo vai dizer...Aliás, a hora que acreditarem nos Reptilianos, muita coisa vai mudar.
    As crianças sabem que o Papai Noel de verdade é o cartão de crédito do papai......

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