segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

QUALIDADE X QUANTIDADE

     
fonte da imagem: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi65w8a6JWm4__giybdzgyTCXGRpIgqy4EXoUMzcKQgEao7xImJkEa9EJAq3ucEiU-kzSacT2sd-S-Tvl-77afOllskuzUgQuRyrwUuYA7rw13ehgiNGeOtg_MTteJzYvUByojrr74PWoE/s1600/ratao.jpg
     Tenho acompanhado as recentes e tristes notícias sobre os problemas nos presídios do Maranhão e vou me atrever a dar meu parecer. Não sobre o problema específico, mas sobre o comportamento e as opiniões que vi a respeito. Vamos lá, falemos sobre um criminoso comum, em primeiro lugar:
     Josezinho da Silva assassinou Joãozinho das Candongas, um trabalhador e pai de família, de forma cruel e fria, e por motivo fútil, na frente da mãe e seus dois filho, um de 6 outro de 4 anos. Josezinho já era procurado por outros crimes, como tráfico e estupro, logo, é um bandido de carteirinha. Condenado a 30 anos pelo crime, Josezinho cumpre sua pena em um presídio lotado. Foi preso no dia seguinte ao fato. 
     As famílias de Josezinho e João estão destruídas, abaladas pelo crime hediondo. Claro que a primeira vista a família do finado é a que sofre mais, mas falemos sobre essa "mensuração" de sentimentos mais tarde. Logo, o impacto do crime é: 1 morto, 1 preso e 2 famílias destruídas. 
     O Dr. Arnaldo Juvêncio, deputado federal, sócio de uma importante empreiteira, fraudou uma licitação de um hospital público de periferia em favor de sua empresa (que está em nome de terceiros, óbvio) desviando uma enorme quantia pra sua conta na Suíça. Mas o nobre parlamentar foi pego em sua falcatrua, denunciado e responde em liberdade ao processo. Provavelmente será condenado, após anos de processo a uns 6 anos, chorado, de prisão, em regime semi-aberto e com privilégios. 
     E os impactos? O hospital foi inaugurado, mas cheio de restrições. Não consegue atender a demanda. Pessoas morrem diariamente, inclusive crianças recém-nascidas. Outros ficam jogados pelo corredores. Não há remédios. Logo, o impacto do crime é: N mortos, N famílias destruídas. 
     Perceberam a diferença? Considerando exclusivamente os impactos de cada crime, qual dos dois é mais grave?
   Aí vem a geração de filósofos e sociólogos de Facebook. Uns defendem o Dr. Arnaldo, porque simpatizam com seu partido, então preferem defender cegamente ao bandido a aceitar que existe uma "maçã podre" no meio. Outros malham o deputado, pelo motivo oposto. Simpatizam com o partido rival, tão corrupto quanto. Sabe como é né, a cartilha da ÉTICA reza que devemos ser corporativistas. Mas a grande maioria afirma que Josezinho deve ir pra cadeia, porque merece, porque matou, porque é bandido, que tá sofrendo pouco, que lugar de bandido é na cadeia, que acha absurdo o contribuinte pagar a conta, que devia ter pena de morte, e outras bobagens, quase sempre sem fundamento nenhum. 
     Não estou defendendo Josezinho (antes que algum semi-alfabetizado interprete desta forma). Creio que sim, ele deve cumprir a pena prevista em lei. Mas chamo atenção ao fato de que a diferença entre um marginal e uma "vítima da sociedade" geralmente é só o parentesco. 
     Quanto ao Dr. Arnaldo, fingiu que cumpriu pena, se elegeu novamente deputado e está cada vez mais rico. 
     Lembrando que quem paga a conta de ambos os crimes e seus respectivos desdobramentos, somos nós, cidadãos comuns. E, em tempo, 2014 não tem só Copa do Mundo, tem eleições também. Mas não convidar ninguém a "fazer uma revolução nas urnas" (dentre outras frases feitas) porque acho muito clichê. 

David Justo.